Eu já disse que meu marido fora um dia a pessoa mais importante da minha vida? Já disse que somente em seu abraço é que me sentia segura?
Por isso é que me encontrei tão perdida... esperava que ao lado dele nada, nem ninguém, pudesse me atingir, para mim ele sempre seria uma fortaleza. Confiei a ele essa função. O problema é que novamente não o comuniquei sobre. Sempre a mesma atitude! Quando irei aprender? Por muito tempo tentei, através dele, conseguir a certeza que tanto precisava. Pensei que dele é que viria a segurança... custou para entender que somente eu, e mais ninguém, é quem tinha as senhas necessárias para abrir as portas que ainda estavam fechadas.
Dediquei-me tantos anos da minha vida a tentar atender as expectativas das pessoas sobre mim e tinha tanta facilidade em relação a isto que achei, com convicção, que "perceber" a necessidade do outro era natural. Não era... como ser mãe também não... nessa vida nada é nato minha gente, tudo requer esforço por demais! Por esse motivo acabei não desenvolvendo o principal traço de humanidade, a meu ver hoje, rsrs: dizer o que DE FATO queremos! Nunca soube o que era isso! Sempre fiz o que agradaria mais as pessoas ao meu redor... nunca o que eu queria MESMO fazer. Deu tão certo por tanto tempo... mas quando se vira mãe a gente não tem mais disposição para meias verdades, a vida se revela nua e crua a nossa frente! Não sabia bem ao certo quem eu era até então...
E fiz as pessoas que mais amo sofrerem por ser assim...
Não me alegro por esse meu jeito... também não me condeno... ensinaram-me a ser assim, era preciso mudar, sabia, mas como? Uma ideia era fixa em minha mente: "Estou perdida, ok, fazer o que, mas quando eu me encontrar... ah... quando eu me descobrir... será bonito de se ver..."
Contei que quinze dias antes do parto parei de frequentar a terapia? É... talvez este, entre todos os outros, tenha sido o pior dos erros cometidos!
Mencionei em algum momento que recusei ajuda após o nascimento de minha menina? Sim... recusei! Nunca façam isso, garotas! Nunca! Aceitem que precisam... peçam... apelem. Recrutem todas as suas irmãs, todas as amigas, faça chantagem emocional se preciso, mas exijam um batalhão de mulheres ao seu redor. Desenvolvi uma teoria nesta época: mulheres precisam de mulheres, nem que for para xingá-las, rsrsr. Não somos ninguém sem outras por perto.
Hoje teria obrigado minha irmã mais nova, e madrinha da Bebela, a ter acordado a noite para fazer as mamadeiras; a mais velha, trocar a bebê de madrugada; a mami seria minha cozinheira oficial, comida de mãe tem poder... as tias, a cuidar das trocas de dia e das roupinhas; minha prima a conversar sobre a vida lá de fora e cada uma delas a me abraçar mais, beijar mais, dizer o quanto era linda e fofa e boa mãe... mesmo que fosse mentira, rsrsr
Quanto a mim: AMAMENTARIA, o que já estava de bom tamanho!
Li uma vez nesses livros idiotas que ensinam a gente a ser mãe de mentira: "Bebê dormindo, mamãe descansando!" Oi? Em que momento do dia uma mãe descansa?????????? Em que momento do resto de nossas vidas dormimos em paz outra vez? Será que entre o lavar a louça ou a roupa? Limpar o chão, trocar, amamentar, ferver as mamadeiras? PELO AMOR DE DEUS! 😡Acordem! Mãe não para... e não tem direito algum...
Na prática, dei conta de tudo, nunca deixei de cuidar de minha pequena, sempre fui a melhor mãe que poderia ser. Mas por dentro...ah...não estava preparada para tamanha mudança... e ouso me perguntar: alguém está? Não sei... só sei que não me tornei uma pessoa melhor sendo mãe, transformei-me a mais estressada, com toda a certeza do mundo, mas melhor... não. Antes de sermos melhores precisamos saber quem somos! 😉
Por hora e razões óbvias de sobrecarga, não penso em ter outro filho, no entanto se o tivesse não me preocuparia com a decoração do quarto, mas em contratar uma faxineira; não ficaria louca com as lembrancinhas, faria yoga para parar uma hora por semana e mandar todos plantar coquinho de um jeito mais gracinha... Enfim... dizem que a gente aprende a ser mãe no segundo pimpolho... não pretendo pagar para ver, não agora... Até porque ainda moro longe do meu batalhão particular cor-de-rosa. Outro conselho: Uma vez grávida, volte a morar com sua mãe! Ok! Talvez esteja sendo um pouco radical, porém adoraria ter de volta meu quarto de solteira as vezes... Não... não para sempre... só umas horinhas na semana. Fica a dica mãe!
E falei tanto assim para concluir que preciso expressar de alguma forma (desenho, gritos, palavras) o que quero! Aprender isso é minha meta...
O marido ainda é meu porto! Preciso registrar isso, porém a segurança tem que estar em mim, "errar uma vez é humano", pessoal, mas persistir... não quero, não devo e não posso mais confiar a ninguém o que cabe somente a mim buscar. Ainda não sei quem sou sem as querências dos outros, mas já posso dizer que gosto de passar esmalte colorido sempre igual no pé e na mão, não sou a mulher maravilha, preciso de carinho e sim, as vezes, viro um monstrinho... Não sou a melhor pessoa do mundo, mas tenho tentado, ao menos, ser bem mais eu! Devo isso a mim e a minha filha, que me tem como exemplo.
Dei uma parada na descrição de ser mãe... antes precisava descobrir o ser eu mesma...mas a mamãe Fer volta no próximo capítulo!
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