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11. Um ano: somos sobrevivemos

Um ano! Ah? Pois é... acabou o meu primeiro ano como mãe! E parece ter acontecido ontem o nosso encontro: eu e ela. Foram tantas as primeiras vezes vividas até aqui... o primeiro sorriso, o primeiro dentinho, o primeiro tombo, a primeira vez que engatinhou, "minhocou", rolou... primeiro passo! Primeira vez em que engasgou, o primeiro banho, a primeira troca, a primeira noite em que dormiu inteira, o primeiro passeio, as palminhas, os sorrisos, a papa doce e a salgada... a primeira vez em que acordei e dormi sem amamentar... 
Pode haver amor maior e mais intenso? Não! Acho que essa deve ter sido minha primeira grande decepção nesta nova jornada. Sempre acreditei que o amor mais bonito era o que acontecia entre um homem e uma mulher por ser o único que envolve "querência". Amor de filho, irmão, mãe... nos são dados... o de marido não...a gente conquista gota a gota ao longo de uma vida.
Mas minha teoria caiu por terra no segundo em que vi minha filha. Doideira viu! É de uma força! Juro! Dou a ela meu coração caso precise! Além de dá-lo aos pouquinhos em doses diárias! E isso, essa sensação, se mágica por um lado, colocou-me em um duro questionamento por outro: em que momento o sentimento mais bonito que senti, até então, havia sido esquecido? Sim, porque estávamos tão voltados para a única opção que tínhamos, sermos pais, que apagamos da memória que um dia fomos um casal. E, de repente, olhei para meu marido e o vi tão longe que meu coração passou a sentir saudade mesmo morando junto. Não éramos mais nós... coisas se quebraram e precisavam ser consertadas com muita delicadeza. Sei que parte disso foi culpa minha, esperei demais dele o tempo todo... sei que outra parte era culpa dele, confiou demais que daria conta sozinha, mas de que adiantaria pensar dessa forma? Mudaria a situação? Não...
Um ano! Parabéns minha Bela! Parabéns a mim mesmo! Parabéns ao meu companheiro! Sobrevivemos! Era preciso festejar!
Para mim deveria ser um acontecimento! Para ele, um bolo com guaraná! Acho que não fui a única a viver isso, não é mesmo? Homens e o apego ao dinheiro, rsrsr
O meu, pelo menos, é beeeeem apegado! E olhe que ironia: essa foi uma das características que fez com que me apaixonasse por ele. Cabe aqui uma defesa a meu favor:  isso foi antes, bem antes de eu ser mãe...
Depois que tive a Bela passei a sentir uma insegurança imensa relacionada ao futuro, queria que um anjo soprasse em meus ouvidos: "Calma, mamãe Fer, NADA faltará a sua menina, NUNCA!"
E como o fofinho não apareceu, queria ouvir isso do amore. Mas veja bem: quando disse que não queria que NADA faltasse, inclui na lista até os paparicos. Sentia vontade de comprar o mundo para minha mocinha... o essencial e o não - essencial. Isso gerou um impasse entre papai e mamãe. Eu disse que meu marido era super controlador em relação ao dinheiro, por isso, tudo que para ele não deva ser comprado não será, mesmo que esteja em minha lista de necessário. Aliás, cabe aqui um comentário para eu não ficar parecendo a louca que sai gastando com tudo: já perceberam que as prioridades para mulheres não são as mesmas para os homens e vice-versa? Para nós é necessário morar em um ambiente harmonioso: almofadas combinando com o tapete, um enfeite super especial, colchas de cama macias... É necessário que a blusa, o sapato, a bolsa, o cinto e a calça "conversem" entre si e que nossos filhos estejam sempre bem arrumadinhos e confortáveis! No entanto intriga-me saber que para todos os homens que conheço isso não passa de frescura! Estranho! Raça esquisita! 
Esse sempre foi um nó entre nós... falar de dinheiro... não chegamos a um consenso nem antes de sermos pais, imagine agora!!!
Fizemos o melhor que pudemos para chegar no meio termo: nem A FESTA nem bolo simplesmente... Foi aos trancos e barrancos, verdade seja dita, mas como quase desistimos dos preparativos do batizado, há alguns meses antes, resolvemos baixar a guarda e fazer aquilo dar mais ou menos certo.


 Ah! Até que saímos bem na foto, vai! E a "decoração" ficou na cor que eu queria! 
Porém disse tudo isso para contar, fazendo-as entender, que nunca mais seria a mesma depois desse ano... 
Naufraguei, nadei, cheguei em terra, mas uma estranha. Estrangeira em meu próprio mundo. Logo... tratei de me reinventar! Era isso ou mais nada. E quem me conhece sabe bem que não sou mulher para "mais nada"! Tenho uma pequena para educar e ajudar a tornar-se uma pessoinha de bem! Tenho meu marido que, embora temporariamente distante, assim como eu dele, ainda é meu porto. Tenho três irmãos maravilhosos, a mãe mais otimista do mundo e uma família mais fofa que um abraço. Portanto: chega de isolar-me! Hora de lutar! O segundo ano de minha nova vida será melhor! Bem melhor!

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