Em uma tentativa desastrosa de sair um pouco e respirar tive essa ideia: "Sou eu quem irá ao mercado de hoje em diante". Pena que só contei isso para mim, esqueci-me de informar o amore que chegava do serviço com a compra e carregado de produtos que nunca tinha visto antes... cada vez uma marca mais esquisita que a outra!
Sei da crise econômica, também acho que economizar seja a nova ordem, mas... queria tanto usar o shampoo certo para meu tipo de cabelo, lavar a roupa e sentir o cheirinho costumeiro... estava carente, poxa! Precisava chegar o mais próximo possível do que era. Antes de eu me sentir tão fora de mim... 😢
Logo usar o sabão em pó da marca que gostava era SIM necessário! Ponto! 😠 Afinal precisava ter motivos reais para esbravejar e exigir meus direitos, mesmo o mais idiota deles... já que tantos outros escorreram pelas minhas mãos sem nem mesmo eu ter me dado conta.
Agarrei-me no sabão em pó! Era o que "tinha para hoje", meu povo! 😬
E assim caminhamos por vários meses...
Eu me sentindo abandonada, exausta. Ele tentando seguir como se nadinha houvesse mudado... só não sabia o que fazer com a estranha que trouxera da maternidade. Não! Não estou falando do pacotinho fofo cor de rosa, não! Falo de mim! Nem mesmo eu me reconhecia... imagine ele! 😮
E como se tudo o que relatei já não fosse suficiente, em meio, a tanta angústia, dúvidas e incertezas, a boa e velha sensação de que esse mundo era feito para os homens aumentava (vale dizer aqui que sempre senti assim).
Espere aí! Decidimos juntos ter um filho! Confere! A bebê nasce! Confere! Eu abro mão de tudo, tudo, tudo! Confere! Ele continua fazendo do jeito de antes! Não confere... Academia, jornal, soneca da tarde aos fins de semana...
Essa balança pesou bem mais para o meu lado! Por que TEM que ser assim?
Veja bem... não quero dizer com isso que ele não me ajudava. Seria mentira! Sempre foi um bom pai, atencioso, preocupado... trocava a Bebela, dava banho comigo, papinha, fazia janta, enfim... estava sempre me auxiliando. Mas ainda assim senti - me sobrecarregada. E sem poder fazer nada do que me acalmava: caminhada, leitura, desenho, escrita, conversas no fim da tarde, assistir novela... viajar... tomar café sem pressa... nada mais disso era meu.
Meu tempo passou a ser fracionado em mamadas, trocas, frutas, sucos, papinhas...
Percebi, com certo custo, que ninguém assumiria minha função, eu é quem teria que me virar e dar conta, certo? Pois bem! Mas não aceitaria mais palpite! Nem de médicos (que me deixavam doida), nem de outras mães (cheguei a conclusão mais óbvia do mundo: cada criança é de um jeito, não é porque deu certo para uma que daria para a minha). Faria do meu jeito! 😡 Com as minhas regras!
Assumi minha filhinha após quatro meses! Não significa que antes disso não tenha dado a ela todo o amor e cuidados de que precisasse! Significa apenas que o tempo em que esperava que tudo voltasse a ser como era havia acabado! Passei a aceitar: esta era a minha nova vida, estava mais do que na hora de abraçá -la, tratá -la bem! Enterrei de vez a antiga Fernanda, bem vinda moça nova!
Comentários
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário: