Ok! Entendi! Dei tanta importância ao lado difícil de ser mãe que perdi o bom em algum cantinho dos choros abafados e a vontade de sumir.
Mas "bora correr atrás do prejuízo"! Dos seis aos nove meses aprendi a curtir mais e me preocupar menos. Passeei um montão com minha Bela e, pouco a pouco, fui me encaixando na rotina de mãe.
E foi bom demais! Com todas as dificuldades e dúvidas de sempre, mas bem mais leve... três bons meses e... o inferno outra vez!
Ei mundo! Você acha que nós, mães, temos um botão que quando apertado nos faz diminuir o ritmo, esquecer que existimos, abrir mão de tudo, nos isolarmos, parar no tempo e, logo em seguida, quando acionado outra vez tudo volta a ser como antes? É isso? Vá se ferrar! Pronto, falei! Mas que droga é essa?
Voltei a trabalhar...
Ninguém, além das outras mães, pode entender... Como fingir que nada aconteceu? Como ter o mesmo rendimento, com o coração fora do peito? Como voltar se toda a minha alma agora é de mãe? Penso nesse período no quanto o dinheiro faz falta... se o tivéssemos, poderia ficar com minha filha.
Ficar? Para sempre em casa? Incorporar de vez a "Amélia"? Será? De repente me vejo em pânico! Não... isso também não dá... Logo, só me resta mesmo encontrar esse botão aí de cima e rezar para que ele funcione...
Enquanto estava na sala de aula, sentia-me bem, pois me achava útil! Sempre adorei o que faço e fazê-lo, agora com o coração de mãe, ficou ainda mais delicioso! Amo cada um de meus alunos do jeitinho que são, foi assim desde o início. Porém ser professora e mãe fez-me enxergá-los como filhos e pensar que cada um deles poderia ser minha menina. Estava com saudade de sentir-me importante outra vez!
Digo isso porque mesmo que trabalhasse 24h ininterruptas ficando em casa, ainda assim, para toda a sociedade machista desse século, não seria mais que minha obrigação! Mas dar aula, apesar de também não ter valor algum para esse povo, fazia-me bem!
O difícil era sair de casa todos os dias... deixar minha bebê dormindo e ir embora era diariamente insuportável! O que me tranquilizava era saber que ficava com o pai. Meio período ele, meio período eu... foi assim por um tempo.
Lógico que rolava muito ciúmes... Sou de escorpião, gente, isso está em minha essência!
Pensava: "Eu é quem deveria estar com ela!" "Eu , só eu é quem sabe cuidar dela!"
Mas, apesar disso, voltar a trabalhar me faz bem... Confuso, não é mesmo? Não! Apenas uma mulher do séc XXI, sendo uma mulher do séc XXI.
Cheguei a esta conclusão: Há muito mais mulheres bagunçadas como eu, muito mais do que pensei...
Eis o X da questão! Bingo! Não sou a única mãe diferente dos manuais! Mas parece-me que sou uma das poucas que fala, esbraveja, grita! Isso fez toda a diferença! Para pior!
Senti-me condenada desde que saí da maternidade pelo simples fato de falar o que sentia ao invés de calar-me e abrir a boca só para dizer o quanto é maravilhoso ser mãe como a maioria faz! É maravilhoso! Mas também é trabalhoso, doloroso, desesperador!
Quem está certa? Eu ou elas? Ninguém! Cada qual, a sua maneira, está fazendo seu melhor! Não escrevo para achar culpadas! Não mesmo! Ao contrário! Escrevo para achar aliadas, para desabafar, para mostrar que não precisamos seguir padrões o tempo todo... Só queria não mais me sentir censurada! Não quero mais os olhares desviados... nem os pensamentos: "Não contrariem, ela está fora de si!"
Não quero porque não estou! Só não posso compartilhar com a teoria de que a maternidade é nata, nasce junto com as mulheres! E que, por isso, todas devem agir da mesma maneira! Todas devem fazer parto normal, todas devem amamentar, todas devem ser pacientes o tempo todo, todas saberão exatamente o que fazer... NÃO!!!
Prefiro pensar que cada uma de nós tem o direito de ser a mãe que é capaz de ser! Nem a melhor, nem a pior! Apenas mãe! Errando para acertar, sempre!
Eu nunca soube por qual motivo minha filha chorava, sempre ia por exclusão! Cansativo por demais!
Lembro-me dela berrando, berrando e berrando no colo de minha prima que me perguntou: "O que faço?" e eu: "Não sei também!" Ela achou minha resposta o máximo! Rsrs
"Como ter o mesmo rendimento com o coração fora do peito"? Você disse tudo o que estou sentindo no momento...
ResponderExcluirSeria tão mais fácil se realmente tivéssemos o direito de ser mãe é o que mais a gente quisesse, não é Cecília!? Mas este mundo não está preparado para isso não... e a gente vai rezando todos os demais dias de nossas vidas para sermos fortes!
ExcluirJá tive vontade de largar tudo pra cuidar da pequena, mas sei que não é por aí.Dias desses fiquei muito triste no PA da Unimed. Ao saber que a pequena ia à escolinha a médica disse que eu deveria pensar bem se valia à pena voltar trabalhar.
ResponderExcluirTriste... triste por saber que teve que ouvir isso... outra vez pessoas dizendo o que pensam sem refletir nem colocar-se no lugar do outro...
ExcluirFoi mesmo libertador pra mim Qdo vc disse que tb não sabia o que fazer! Afinal eu já era uma mulher de 30, então achei que devia saber acalmar um bebê! (Olha a prima entrando na loucura antes mesmo de pensar em ser mãe!). Ainda bem que tenho você pra me mostrar a realidade da maternidade! Tenho ctz que, se um dia eu engravidar, sua experiência vai me ajudar a aceitar as mudanças com mais tranquilidade! 😘
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