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35. Pai: refúgio da princesa

Desde o primeiro capítulo deste blog, falo muito de mim, sobre a aventura que vivi com a chegada de minha boneca. As angústias, tristezas e fúria; momentos felizes, conquistas, descobertas e transformações... Conto o que senti e sinto nesse novo papel. Mas sempre sobre minha perspectiva.
Já ouvi, por diversas vezes, das pessoas que amo e que acompanham esta leitura: "Nossa! Verdade que passou por tudo isso? Não dava para perceber..."
E sempre respondo, as vezes sorrindo; outras, não: "É que disfarço bem!"
Porém, pensando melhor, a verdade é que narro aqui um pedaço da minha vida, minha realidade, que, sim, é tão diferente da dos outros. Afinal somos únicos, certo? Diferentes na maneira de falar, andar, comer, dançar e, logicamente, pensar.
A mesma experiência de vida para um, pode ser vivenciada por outro de modo diferente...
Como quando observamos a mesma cena, cada um com seu smartphone em mãos, e tiramos fotos únicas. O meu olhar pairou sobre um ângulo, o seu, sobre outro.
Assim sendo, o que vivi como mãe não foi sentido por mais ninguém, senão por mim mesma. Foi esta reflexão que gerou um pontinho de curiosidade em mim: "Como será que meu marido, de quem tanto falo aqui, pensa sobre seu papel de pai?"
Porque o que sei a respeito disso é o que vejo e interpreto de acordo com minha maneira de olhar. Mas e a dele? Como seria um blog dele falando sobre essa aventura? Não sei e conhecendo-o como acho que conheço, isso não acontecerá 😊. Digamos que seu pensamento é lógico demais para entrar nesse mundo do talvez... E isso não é uma crítica, apenas uma constatação 😉. 
O homem que escolhi  para ser o pai da Bebela, foi, bem antes disso, meu amor maior! Ele é meu porto seguro, meu acerto diário!
Reclamo tanto, desabafo e comento sobre tantos sentimentos que andei pensando que é preciso falar sobre o outro lado. 
Vejo em meu marido a minha melhor escolha! 
Quando ele pega a Bebela nos braços, para dançar no meio da sala, vejo meu acerto! Quando fica em casa para cuidar dela doente, faz nossa janta, deixa o café da manhã na pia da cozinha para nós duas, leva ela para escola e faz as compras, eu penso: "Puxa, que sorte a minha!"
Ele é um baita companheiro e zela para que nada nos falte dia e noite! Sou imensamente grata a isso!
Ele é também o refúgio dela. É para ele que ela corre quando eu fico brava por alguma travessura. É a ele quem chama quando percebe que meu "não" irá mesmo ser um "não"! É com ele que ela vive suas aventuras ("com a mamãe é sem emoção, porque tem medo, né, mamãe" kkk).
No colo dele ela vira avião, peão de boiadeiro, princesa, cabra macho e dragão! Ele ensina a ela ser quem quiser!
Amo isso! Amo que ela conviva com o mundo dele, a perspectiva dele, além da minha. Ela não seria quem é se não fosse assim! 
Vendo os dois sinto que super dei a ela o melhor pai que poderia! 
Sinto orgulho de mim por isso! Sinto orgulho dele também! 


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