Um mês ouvindo, todos os dias: "Mamãe, eu não quero ir na escola à tarde!", frase sempre acompanha de choro. Quanto a gente tem que sofrer por ter escolhido ser mãe?
Como virar as costas, erguer a cabeça e ir trabalhar? Como?
Indo... Um pouquinho por dia. Só chorar já não dava mais conta de remediar o que eu sentia. Odiava tudo e todos que, querendo ou não, nos colocaram nessa situação. Entendam, "fera ferida" não pensa, sente; não respira, age!
Pedi ajuda na escola, devia ter algo a ser feito para que ela se encantasse mais por lá! Apesar de saber que a única coisa que ela queria ela estar comigo em casa... O problema, não era ir para a aula, isso ela fazia feliz! O que não queria era continuar por lá no período inverso.
Sabe... Quando falam em direitos das mulheres isso sempre vem em minha mente: "O dia que, de fato, reconhecerem nossos direitos, poderemos trabalhar em empresas que acolham nossos filhos. Porque para mim é tão simples... Se pudesse apenas vê-la de longe quando o coração apertasse, com toda certeza meus dias seriam melhores...
Mas o mundo não quer igualdade... Nunca quis! Essa é só mais uma, das muitas maneiras de nos "colocar em nossos devidos lugares".
Foi cruel! É cruel! Seguimos...
Eu continuei trabalhando, minha filha, também! Ela foi se conformando, sem deixar de contestar. Ainda tenta: "Não quero!" E faz cara de brava, rsrs. E eu digo: "É necessário!"
Minha terapeuta diz que estou ensinando a ela que nesta vida temos que ser forte, embora, na verdade, eu é quem tento aprender isso!
Sempre pensei em diminuir o ritmo quando tivesse um filho, hoje sei que não acontecerá... A vida nos atropelou. Sinto-me em uma grande bola de neve girando e arrastando tudo comigo, porque também fui levada por ela. Já não tenho controle sobre nada...
Nunca tive, para ser sincera! Mas era tão bom acreditar no contrário!
Hoje já não sinto mais raiva. Trabalho por ser necessário! Não sou a culpada por nada do que aconteceu (apesar de ter pensado que era por muito tempo). Ainda questiono se tudo o que vivemos é MESMO necessário... Talvez ter me escondido para ver minha pequena passar chorando no primeiro dia de aula não tenha sido. Porém guardo essa imagem em uma caixinha dentro do peito. As vezes volto a olha-la, para dar o meu melhor o tempo todo, em tudo que fizer, é a única maneira de fingir que vale à pena insistir. Se sairei de casa, deixarei minha filha... Tenho obrigação de fazer dar certo!
Dolorido ser mãe, uma dor que invade a alma e um amor imenso, que tudo cura!
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