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38. Agora eu sei

A primeira vez em que engravidei, tinha certo que seria mãe firme. Nada de mudar tudo para encaixar a criança. Minha vida deveria alterar-se o mínimo possível. Acreditava nisso!
Sabia que amaria minha cria, mas ainda pensava que o maior amor do mundo era o único que escolhíamos: o de um homem e uma mulher. Afirmava que tudo relacionado a maternidade já me era conhecido: os cuidados, os ensinamentos, a dedicação... Tudo!
Vivenciei meus nove meses repassando o passo a passo para ser esposa, mãe e professora. E juro que tudo estava tão certo que em momento algum tive a noção que poderia dar errado (entenda por errado as coisas saírem da minha expectativa).
Era difícil lidar com mulheres/ mães e suas imensas cargas de culpa... culpa... culpa... Suas falhas imperdoáveis nesse papel, o afrouxamento das regras em detrimento ao amor. Tudo um grande absurdo para meu modo de enxergar a vida.
E, então, a vida se fez! Ela chegou, minha garotinha! Provando TODOS os dias o quanto estava equivocada. Desenhando em meu rosto a face das muitas mães criticadas por mim. Moldando meu mundo às suas necessidades e mostrando que minha vida antes dela não tivera significado.
Não... Não estou falando sobre o quanto é natural tudo isso! Porque não é, nunca foi, não para mim, "uma mãe diferente das dos manuais". Doeu, sangrou, relutei o quanto pude a abrir mão da garota que um dia acreditou ser perfeita.
Foram anos nessa luta travada dentro de mim mesma. Por muitas vezes imaginei que não daria conta.
Tudo foi imposto: meu novo papel (aquele para o qual achei estar pronta), minha nova rotina, meus desejos, o amor... Tudo! E de um dia para o outro! Saí de casa em uma madrugada chuvosa sendo eu, retornei após dois dias com um pacotinho rosa nos braços e ouvi de mim mesma: "Assuma! Foi você quem quis!"
Vi o mundo, tão conhecido antes, desaparecer em um abrir e fechar de olhos.
E o tempo passou bagunçado...
Ainda buscando por quem fora, assustei-me com meu peito sentindo saudade, querendo voltar a sentir outra vez a turbulência. E eu, logo eu, quis passar por tudo outra vez.
Arrisquei-me a cair novamente!
Entreguei meu caminho a Deus, confiei e segui! Começava minha segunda gravidez...
Sete semanas e o pavor instalou-se outra vez: não daria conta... Não daria...
Onze semanas: por favor, por favor quero tanto, por favor 🙏.
Por medo de perder, deixei de pensar e fazer planos...
Sufoco passado, um mês e meio depois e o amor 😍!
Cada vez que sinto o pintinho mexer sorrio... É bom demais saber que fomos fortes e que nos deram essa chance de seguir!
A segunda gravidez é mesmo diferente! Eu sei que continuaremos olhando o mundo de ponta cabeça, sei que nadinha estará em meu controle, sei que esses dois espoletas me deixarão louquinha, mas agora sei da parte mais, mais importante: eu os amo! E tanto que não fazer sentido hoje é o que, de fato, faz!
Antes tive que aprender o amor, agora o conheço, graças a uma garotinha vaidosa, teimosa e risonha (parecida com uma certa mamãe Fer 😬), que abriu o caminho bravamente!
Nada é fácil nesta vida, sei disso!
Isso inclui a maternidade. Ainda assim, o amor sempre será o valor mais alto que conseguimos alcançar!
Meus dois filhos vieram para ensinar-me a ser cada dia mais leal a este sentimento tão bonito!
Agora sei disso e faz toda a diferença!



Comentários

  1. Podemos planejar o enxoval agora? Hahah

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  2. Ser mãe é sentir que o amor incondicional cura qualquer ferida, é ter a certeza de que pelos filhos, vencemos qualquer obstáculo e o melhor de tudo: nossos filhos nos ensinam, nos melhoram, nos salvam !!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Feliz, mas muito feliz, pelo texto que acabei de ler... Eu amo vocês!!!!!!

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