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56. As vezes o coração aperta

Ando de coração chorão nesses últimos dias. A fúria, a falta de paciência e a vontade de tempo sozinha, pouco a pouco, vão perdendo a força, dando espaço a uma versão de mim mesma mais polida. Todo mês é igual... Queria muito não ter TPM! Como sou melhor sem ela...
Mas, voltando... Ultimamente me emociono facilmente.
Outro dia fui ao shopping com minha Bebela. E olhando as promoções (porque professora só consegue comprar se estiver barato, já que o salário é uma droga, totalmente necessária, mas uma droga), minha menina disse: "Mamãe, venha ver, compre para mim, achei um igual ao da Dodó!" E foi me puxando pelo braço na maior felicidade! Quando vi o que era, senti aquele aperto no peito. Em sua inocência de 5 aninhos, ela viu um bory da Minnie, para adolescente, super cavado no bumbum e queria levar para ficar como a irmãzinha.
Expliquei para ela que aquela roupa era de adulto, e que ela era minha menina, não precisava usar aquilo. Mas ver a decepção em seus olhinhos doeu. Ela tem deixado de fazer escândalos, às vezes... O que só aumenta meu orgulho, ainda que sinto o peito apertado.
Tem me chamado a atenção vê-la tão madura para um montão de comportamentos. Cuidados com a irmã, com os brinquedos, com o material escolar. E, ao mesmo tempo, querer ser a Dodó, disputando cada minuto de atenção, fazendo coisas como bebê. Paradoxo total! Ela sabe que tem que crescer, sabe e quer, porém, não quer perder o carinho constante. Não perderá, eu já lhe disse, mas não consigo passar a confiança necessária para que entenda 🙁.
Ver um filho voar é lindo, mas angustiante, ao mesmo tempo!
Meu peito entendeu a necessidade dela em querer se agarrar à fase bebê. Ela vê o quanto a Dora tem atenção sendo uma. E por mais que ela também tenha, pois sei que faço o possível para não desassisti-la, nunca será o suficiente. Bela é muito carente. E, além disso, sabemos o quanto bebezinhos chamam a atenção. Pela simpatia nata, pelo sorriso fácil e as bochechas rosadas 😍. 
Quando saímos, sempre tem alguém que para e começa a falar com a bebê. Ignorando, completamente a presença dela. Dói... Se pudesse, guardaria minha menina em um potinho com amor, só para não sofrer. Não posso! Estaria tirando dela a oportunidade de ser melhor! Porque sabemos que não são os momentos bons que nos transformam, não é mesmo? Eu quero o todo para minhas "Sininhos". Desejo que se tornem pessoas fortes!  E nunca deixarei de dar meu amor quando elas quiserem. Mas é preciso seguir, sempre para frente! Evoluir! 
Sabedoria, mãe do céu, para ser a mãe que minhas duas precisam! 



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